domingo, agosto 21, 2005

Rua do Matão

No carro estava pensando que não ia conseguir. Cheguei a comentar com meu marido que não devia tentar ainda. No fundo estava com medo de não conseguir. Se isso acontecesse eu ia desmoronar. Mas, bem, como ando corajosa e tenho fé no meu treino, decidi que ia tentar!
O relógio marcava 8 min de corrida quando eu comecei a subí-la. Para quem não conhece, a rua do Matão é a ladeira mais punk da USP. Tem quase 1 kilometro de extensão (+ ou - 800 m). Meu coração logo acelerou. O gosto de sangue veio na boca. Mas a vontade de eliminar mais um obstáculo me deixou excitada. Eu só tinha experimentado o Matão de bicicleta... correr ali era inédito para mim. Descobri que correr na ladeira tem 3 fases: a primeira é de cansaço - consequência da aceleração dos batimentos cardíacos, a segunda é de conforto - o corpo e a mente se acostumam e na terceira, tudo volta a ficar difícil - pois para terminar logo, acelera-se os passos e volta o cansaço... Mas depois de 6 min, lá estava eu, sorrindo, feliz da vida por ter conseguido. Mas a batalha não estava vencida. Ainda tinha que dar uma volta e subir de novo... O bom é que neste percurso que fiz hoje, depois do Matão quase tudo é plano ou descida, então os batimentos cardíacos se recuperam rapidamente. Só teve mais uma subidinha antes de chegar de novo na temida rua do Matão. Voltei a enfrentá-la aos 41 min de corrida. Na segunda vez foi um pouco mais difícil. Eu falava para mim mesma: "vamos Márcia, vc consegue...". E consegui!!! Aos 47 min de corrida, lá estava eu, feliz da vida, com lágrimas caindo dos olhos por ter conseguido subir o Matão duas vezes!!! Fiquei otimista por ter conseguido manter meu ritmo. Parece besteira ficar emocionada com isso. Mas só eu sei o quanto estou batalhando para conseguir correr a São Silvestre. E vencer a rua do Matão é maravilhoso! É a rua mais temida dos corredores... depois, é claro, da Brigadeiro - que tem 2 km de subida!!! O bom é saber que posso conseguir, que tenho chances e que estou no caminho certo. Bem, além de limites vencidos, hoje corri os 12 km em 1h10 min. E tive a certeza de que este reveillón será especial. Me imagino cruzando a linha de chegada na Avenida Paulista... neste momento adoraria que minha família estivesse ali me esperando, para me encher de abraços e beijos e dividir comigo tanta alegria... Só tenho que tomar cuidado para não me debulhar em lágrimas - afinal a emoção vai ser grande!