sábado, janeiro 23, 2010

Preciosa

Aproveitei o sábado de descanso para visitar a minha avó Geralda. E diferente das minhas expectativas, foi um dia espetacular. Dona Geralda tem 87 anos. Vive agarrada em um rodo, que é atualmente seu companheiro e apoio. As pernas bambas, por conta da idade, vez ou outra falham e graças ao rodo, ela não se esborracha no chão. Por duas vezes a vi fazendo carinho no acessório de limpeza. Um afago e um abraço.
Aproveitei que ela estava com bom humor para lembrar da época em que eu ia naquela casa quando criança. Um parênteses sobre a casa... (A casa da minha avó não é grande, mas quando eu era criança, na minha memória, me lembro de todos os espaços imensos... será que ccresci tanto assim para ocupar o espaço que antes achava gigante?). Falamos sobre a caixa de bis que me aguardava toda visita (para mim e pro meus irmãos), sobre o pó de arroz que ela usava no rosto (tinha um pompom bem macio para passar e um cheiro muito bom, que eu passava no meu rosto, escondida...), sobre uma xícara de plástico com detalhes xadrez que ela servia café para as visitas e eu sempre amei e sobre um móvel no corredor que guardava um monte de bibelôs... foi aí que ela se lembrou que havia guardado os bibelôs. Fuçamos em algumas caixas e fomos tirando os objetos e a memória dela me supreendeu. Ela se lembrava da onde tinha vindo cada um deles. Me deu alguns, que já estão guardados em lugares especiais aqui em casa. A minha avó é uma mulher muito organizada. Tem tudo guardadinho e sabe onde está tudo. As panelas são guardadas dentro de sacos plásticos, para que insetos indesejáveis não fiquem andando nos utensílios. Eu herdei dela a mania de deixar a pia seca. Odeio ver a minha pia molhada... Dona Geralda, orgulhosa, me mostrou um maço de dinheiro, que foi guardando todos os meses, para poder pagar o IPTU de uma vez só. Fiquei com inveja de tanta disciplina. Ela tb me contou que deposita dinheiro em uma poupança para os 3 filhos, sendo que meu pai é um deles e tem 59 anos. Só ela mesmo...
A minha avó é como uma pedra preciosa e rara. Tem um jeito que é só dela. É admirada por alguns e nem tanto por outros... Conviver com ela não é fácil (me contou que a senhora que dorme lá, diz que ela é "enjoada"... kkk), mas momentos de lembranças e união, como o de hoje, fazem muito bem a ela e para mim.

Tia Lúcia, Vó Geralda e papai