segunda-feira, maio 23, 2005

A minha aldeia: o asfalto

"Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer.
Porque eu sou do tamanho do que vejo e não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar e tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver."

Alberto Caeiro
O Guardador de Rebanhos

O tempo mudou de repente. O calor deu lugar ao frio. O ar estava gelado. Mas eu tinha um desafio. E encarei de frente. Foram 5 kilometros de corrida, em 40 minutos. 10 só de subida. O coração estava mais do que acelerado. Estava queimando. Mas o gostoso de correr é isso: você se sente viva. A vida pulsa em cada pedaço do seu corpo. O sangue parece mais quente, o pulmão se renova e a mente... há... a mente voa, vai para lugares que nunca estive. O olhar fica atento a tudo - as árvores, aos pássaros, aos carros que passam, aos outros corredores e a cada passo dos meus pés no asfalto. E isso dá uma sensação de liberdade... algo indescritível. Emocionante e assustador. Foi um desafio vencido. Fiquei feliz e orgulhosa de mim mesma. Para muitos, este trecho pode ser pouco. Para mim é apenas o começo. Quero ser mais rápida, quero correr mais.
Bem, como consequência, espantei o pouco do resfriado que ainda abrigava meu corpo. Mas o ar gelado me trouxe a sinusite. Vivendo e aprendendo: correr no frio agora só com boné.