segunda-feira, dezembro 03, 2007

E agora?

* Timão. Que decepção. Não sou mais aquela torcedora fanática do Corinthians - já fui, já cheguei a rezar o terço para que o time ganhasse. Hoje, nem sei direito quem faz parte do elenco... Mas senti o rebaixamento. Tem gente que deixa de comer para pagar o ingresso. Para estes, a tristeza deve ser tão grande que é difícil até explicar tanta dor no peito. Mas era uma tragédia anunciada, certo? Corrupção, falta de vergonha na cara e desonestidade -são alguns ingredientes da receita deste bolo que não deu certo. Triste demais. Mas será que isso pode, de alguma forma, fazer diferença? Se alguém com vergonha na cara tomar conta do clube, colocar as contas em dia... quem sabe. Vai ser o renascer das cinzas. Torço para que sim. De qualquer forma, só para deixar claro: mudar de time, jamais.



* Passei o final de semana na Ilha, com maridão, filhote e Leona. Foi muito gostoso. O sol só deu mesmo a cara no domingão - mas deu para curtir. No sábado, fui presenteada com um pôr do sol maravilhoso do terreno onde estamos construindo. Foi muito bonito!

* Esta noite dormi mal. Pensamentos, ansiedade... tudo ronda minha cabeça. Mas faz parte do pacote do final do ano. Nada além disso. O final do ano ta aí. Faltam poucos dias. Contagem regressiva.

* Queria registrar a minha emoção naquele caso do policial que salvou, por telefone, a bebezinha de 10 dias - que estava engasgada e quase afogada, com o leite da mãe - em Santa Catarina. Precisamos, neste país, de gente assim, com atitude, iniciativa. Veja:

Salvamento pelo telefone
Uma história emocionante e gratificante. Você vai ver como é bom saber que existe gente disposta e preparada para prestar ajuda nos momentos mais difíceis.

“Emergência 190”, atendeu o soldado da PM (SC) Cilézio Ramos.

No dia 19 de outubro, o soldado Cilézio Ramos atendeu uma ligação que marcaria para sempre a vida dele e mudaria o destino de toda uma família.

Mãe - Boa tarde, é que eu estou com minha nenê passando mal, ela se engasgou, não está respirando.

Soldado - Não está respirando, senhora? A senhora não está vendo ela respirar, nada?

Mãe - Ela está roxinha.

Soldado - Só um minutinho, a viatura já deve estar chegando aí.

Mãe – Rápido, rápido.

Pai - Manda, pelo amor de Deus, traz uma pessoa rápido.

Do outro lado da linha, dois pais jovens, inexperientes e desesperados. Mariana tinha apenas dez dias de vida. Havia acabado de mamar e estava se sufocando com o leite.

"Eu gritei porque na hora que ela estava ao telefone´, eu estava na sala, ainda sacudindo minha filha, pedindo para ela voltar, chorando muito, sem saber o que fazer. Eu dizia: manda eles rápido, pelo amor de Deus. A minha filha, salva minha filha”, lembra o pai de Mariana, Charles Zander.

“Assim que eu desliguei, saí do meu posto de trabalho e fui conversar com meus colegas bombeiros. Perguntei a eles quanto tempo ia levar para uma viatura dos bombeiros chegar ao local. Ele me informou que ia demorar de 10 a 15 minutos. Aí eu tive que tomar a atitude por telefone", conta o soldado da PM (SC) Cilézio Ramos.

O soldado Cilézio, que não é socorrista, assumiu a responsabilidade de tentar salvar a vida do bebê.

Soldado - Seu marido está aí? Deixa eu falar com ele.

Mãe - Rápido, amor, aqui, atende aqui.

Soldado – Ô, "gurizão", a viatura já está indo para aí.

Pai - Pelo amor de Deus, cara!

Soldado - Não grita, se "tu quer" que eu te ajude. Pega essa tua criança, deixa ela de costas para ti. Com que ela se engasgou, cara?

Pai - Com leite, cara, está saindo leite pelo narizinho.

Soldado - Fica em pé, tá? Mas bem devagar, pega ela, coloca em pé, como se fosse dar um soquinho na barriga dela.

“Eu tinha medo de apertar a barriga dela com mais força e machucá-la, porque eu sabia que eu estava muito nervoso. Não foi fácil", diz o pai de Mariana.

Soldado - Abaixo do umbigo, dá um leve, pode dar um, dois toques, bem leves, certo? Vê se ela vai melhorar. Pode ficar comigo na linha.

Pai - Peraí. Em pé?

Soldado - Também pode ser sentado, pode sentar numa cadeira, coloca ela em pezinho, de bruços para ti, certo? De costas. As costas dela vão ter que pegar no teu abdome.

Pai - Está sentadinha.

Soldado - Pega, fecha tua mão embaixo do umbigo dela e aperta. Dá uma apertadinha com força, mesmo, para ver se ela consegue desengasgar aí, cara, vai. Vê se consegue.

Pai - Ela já está fazendo barulhinho. Deu um soluço.

Soldado – Deu um soluço? Beleza, "gurizão", é isso aí. Pode colocar teu dedo na boquinha dela, devagarinho, para tirar esse líquido, esse leite.

Pai - Ela está chupando meu dedo.

Soldado - Está chupando teu dedo? Beleza, meu. Beleza, "gurizão"! Que bom, cara! A viatura já vai chegar aí e você vai para o hospital, tá?

Pai - Obrigado.

Soldado - Pára de chorar, isso aí foi Deus que te tocou com tua calma, para que "tu salvasse" tua filhinha, beleza? Ela está chupando teu dedinho, tranqüila?

Pai - Tá. Pô, que bom, cara! Obrigado, cara, obrigado. Obrigado, cara.

Soldado – Eu estou chorando junto contigo, cara. A viatura já está indo para aí, tá?

“Nossa profissão é tão difícil. A hora que temos esses momentos, temos que dar valor”, afirma o soldado da PM Cilézio Ramos.

Situações assim são mais comuns do que se pensa.

"Essa criança mamou, o conteúdo do leite no estômago voltou, ela fez o refluxo e, como é muito pequenininha, este leite foi todo para o pulmão. Ela acabou se afogando e fez uma coisa que a
gente chama de broncoaspiração. Isto é, hoje, a primeira causa e mais importante de morte no primeiro ano de vida. A orientação do soldado foi correta, tanto que salvou a vida daquela criança. Numa situação semelhante, você deve pegar o bebê, colocá-lo contra o seu peito, colocar as mãos abaixo das costelas, mais ou menos na altura do umbigo, e comprimir contra você mesmo. Essa compressão vai fazer com que aquilo que está obstruindo, seja objeto, seja alimento, saia, desobstrua a via respiratória e a criança volte a respirar", explica o pediatra Cecim El Achkar.

O soldado-herói fez questão de conhecer a pequena Mariana, que ele ajudou a salvar. Juntos, relembraram os momentos dramáticos.

"Foram, eu acho, os três minutos e trinta mais longos da minha vida", afirma o soldado.

E todos se emocionaram ao ouvir, pela primeira vez, a gravação.

"Para ter uma idéia, a gente não contou nem para os nossos pais, porque sabíamos que iriam ficar muito chocados. A minha mãe soube agora. A gente chorou no telefone só de contar. Ninguém tinha ouvido esta história. Foi muito complicado”, conta o pai de Mariana, Charles Zander.

Mas agora o momento é de felicidade e agradecimento.