terça-feira, setembro 22, 2009

Doação de Órgãos II

Hoje vou publicar duas histórias. A primeira é de Luciane, que foi salva graças a dois transplantes que passou. A segunda, é de Dona Dirce, que num ato de amor, dooou os órgaõs do filho. Doe órgãos! Vc pode salvar vidas!
Boa leitura!!


1)
Uma história de amor
por Márcia Moreno Placa


“Nasci de novo”. É assim que Luciane Viegas de Moraes se sente há 4 anos, quando passou por um transplante de pâncreas e rim. Ela ainda se recorda com detalhes todos os momentos que passou até chegar ali. A diabetes foi diagnosticada aos 12 anos, logo depois da festa de aniversário, quando comeu muitos doces e passou mal. “Descobriram que a minha glicemia estava alta e tive que começar a tomar insulina duas vezes ao dia”, lembra. Aos 15 anos, teve um coma diabético. “Era adolescente, não conseguia aliar a minha vida com os cuidados de um diabético”. A vida seguiu com atenção voltada à saúde. Aos 23 anos, ela engravidou do primeiro filho, Victor Hugo, hoje com 16 anos. “Era uma gestação de risco, mas não trouxe conseqüências para o meu organismo, continuava a controlar a diabetes com insulina”. Na mesma época em que se separou do primeiro marido, Luciane conheceu a Igreja Bola de Neve, da qual é hoje pastora nas filiais de 3 cidades: Jundiaí, onde mora, Franco da Rocha e Francisco Morato. “Foi um encontro maravilhoso em minha vida. A minha fé me ajudou muito”. Foi lá que conheceu o atual marido, Nilson, que também é pastor e foi um grande aliado na luta dela contra a doença. “Ele é um companheiro maravilhoso, me amou nos momentos mais difíceis da minha vida”. Deste amor, nasceu Rebecca. “Como eu já estava 15 anos diabética quando engravidei da Rebecca, tive muitas complicações”. No 5º mês de gestação, o rim de Luciane paralisou e ela teve 3 edemas de pulmão. “Foi muito difícil, passei grande parte da gestação no hospital”, conta. Com 6 meses de gravidez, os médicos optaram por fazer o parto. “Foi feita a vontade de Deus”. Rebecca nasceu com 1kg 100gr, ficou no hospital por 42 dias e foi para casa com 1kg750gr. “Ela era tão pequenininha que nenhuma roupa cabia. Mas hoje é uma menina linda, inteligente e saudável. É a prova do meu milagre”.

Por conta da paralisação dos rins, Luciane teve que iniciar hemodiálise. “Foram dois anos e 2 meses de diálise, um período terrível”, diz. Neste tempo, Luciane fazia o tratamento 3 vezes na semana. “Eu passava muito mal”, recorda-se. Mas foi nesta época que ela conseguiu se inscrever na lista de espera por um transplante. “Numa noite recebi um telefonema que veio salvar minha vida. Era um médico, do Einstein, que me perguntou se eu estava bem e que era para eu ir até lá, pois havia uma chance de eu ser transplantada”. Depois de vários exames e algumas horas tensas de espera, veio a boa notícia: tudo tinha dado certo. “Foram 9 horas de cirurgia, fiquei 15 dias no hospital, com melhor tratamento possível, sem gastar nada”, diz. Luciane lembra que teve que iniciar outros cuidados no dia-a-dia e toma remédios diariamente para evitar a rejeição dos órgãos. “Mas valeu muito a pena. Eu oro muito pela família da pessoa que me doou os órgãos. Foi uma vida que se foi, mas que me deu uma nova vida”. A vida de Luciane hoje é de uma pessoa saudável – com o adicional de ter muito amor e carinho da família e das pessoas que convivem com ela na Igreja. “Gostaria de encorajar as pessoas que estão na fila de espera por um transplante. Temos que acreditar que tudo vai dar certo, para ter a oportunidade de começar a vida do zero”.

Luciane com marido e o filho

Rebeca, a filha


2)

Transformando a dor em amor
por Márcia Moreno Placa


Pensar na perda do filho ainda dói. Dona Dirce Thomaz Fernandes se emociona ao lembrar do filho, Clóvis, que faleceu há 5 anos. “Foi muito rápido, eu não esperava”, conta. “Ele estava viajando para conhecer uma cidade no Paraná e bateu a cabeça, quando caiu, em uma lanchonete. Teve traumatismo craniano, ficou em coma e depois teve morte encefálica”, conta, com a voz triste. “Ele era maravilhoso para mim, muito trabalhador, me ajudou muito”. Clóvis morreu aos 38 anos, era solteiro, trabalhava como auditor em uma grande empresa. “Ele morou muito tempo fora do país, mas estava sempre em casa, pelo menos duas vezes por mês”, conta a mãe. No momento do diagnóstico da morte encefálica, Dona Dirce se lembra que perguntam se a família permitia a doação dos órgãos. A mãe desconhecia se era vontade ou não do filho e foi procurar saber com os amigos se eles tinham alguma informação. E amigos lhe contaram que em uma conversa, Clóvis disse que era doador. E assim foi feita a vontade dele. Dona Dirce e os quatro irmãos de Clóvis permitiram a doação de órgãos. “Não fiquei arrependida”, conta ela. Clóvis não pode doar apenas as córneas, pulmão e o coração. Todos os outros órgãos foram doados. “Fico feliz de saber que este gesto salvou vidas, neste ponto meu coração está alegre, pois ainda tem um pedacinho dele andando por aí”.