domingo, agosto 27, 2006

Davi

Tem pessoas que entram em nossa vida, marcam e se vão. Com Davi foi assim. Eu o conheci numa palestra para promoção do GMC, em 2003, no CIEE. Naquele ano, ele e mais 4 amigos se uniram para participar da competição. O nome da equipe era Devas (nome dado por ele, que significa "ser iluminado" - e quem acompanhou mais para frente o decorrer da equipe na competição em outros anos - mesmo sem ele - sabe que o nome deu sorte!!). Foi um primeiro contato, breve - mas que já ficou em minha mente. Só o vi de novo na Final Nacional do GMC 2004 - quando a equipe dele foi finalista e ficou em segundo lugar. Foi um dia longo de trabalho - mas especial pela presença dele. Realmente, um ser iluminado. Bonito, com brilho nos olhos, voz suave e palavras doces. Davi é uma pessoa marcante. Pelo menos para mim, foi. Não só pelo seu jeito cativante - mas pela coragem. Com um futuro promissor profissional - eu soube que ele passou em um destes processos seletivos difíceis em uma consultoria internacional, amigos queridos e uma via social, Davi largou tudo. Foi para uma comunidade distante (em outros país) para viver longe das coisas materiais e da rotina massacrante de SP. Ele partiu no início do ano e desde então não tenho mais notícias. Já enviei dúzias de e-mails - sem resposta ou com resposta automática de que o contato está desativado. Sei que ele está bem - pois quando penso nele, me vem uma sensação infinita de paz. Mas sinto saudades.
Muitas vezes tenho vontade de fazer igual ele. Largar a rotina e me dedicar a algo em que realmente, de coração, acredito - e que não tenha nada a ver com money e poder. Mas enfim, eu não tenho a coragem dele e nem o coração aberto para tanto. Mas o admiro. Antes dele ir, trocamos alguns e-mails. O último dele, de adeus, foi lindo, fofo e me deixou muito feliz e lisonjeada. Registro aqui - não para que todos vejam (mesmo porque, quase ninguém lê este blog) - mas porque me deixou fora do chão. Sempre que quando estou precisando de uma injeção de ânimo, procuro estas palavras. Davi, espero que você esteja feliz. E, sinceramente, que o mundo atenda os nossos anseios e que se torne melhor.
Tomara que o destino esteja guardando um encontro entre nós.

"Oi, querida Márcia! Às vezes é tão incomum lembrar de você, porque ficou uma coisa tão boa, uma memória querida, desde o primeiro dia. Quando chegamos atrasados, eu e o Pinguim, para assistir uma palestra lá pelas cinco da tarde. Felizes como sempre fomos. E você já era diferente desde então, um lago incomum de sorriso e carinho nesse mar de profissionalismo que São Paulo é, uma pessoa sincera nesse deserto. É bom, muito bom lembrar de você. Eu sou um cara diferente, talvez você saiba, talvez até mais do que eu. Mas é que eu não tinha clareza sobre isso e, por muito tempo, achei que ia ser feliz com os sucessos comuns, com o dinheiro, as mulheres, o status, o luxo. Não foi assim; não é. Eu preciso de coisas diferentes, não pude mais negar. Lembro do belíssimo jantar de gala do final da competição, no ano passado, e meu coração, ali, estava cheio não pelas glórias, pelos prêmios, mas pelo prazer de termos feito nosso melhor, pelo prazer de termos amigos, por conseguirmos superar a tendência tão comum de egoísmo e mesquinhez que mora em nós. Espero que você se lembre. Houve um momento, naquele jantar, em que você veio me apresentar uma colega sua, uma amiga. Não me lembro quem era ela. Mas me lembro de sua expressão, Márcia. Você a trouxe com carinho, a levou até a mim, e ali fizemos uma apresentação simpática: mas o que importava é que você estava - eu vi - ali sincera, me apresentando porque, de alguma forma, eu tinha sido um tanto importante para você. Isso foi um elogio, silencioso, que eu não vou esquecer.
Eu vi que eu sou diferente. Não melhor, nem pior, mas outro, e assim meus objetivos e prazeres também têm que ser outros. Se, numa noite de premiação, meu grande alento é que fiz amigos... não será então dinheiro e poder que soprarão as velas deste barquinho. É isso, então, Márcia: busco a ventania que levará meu barquinho, inflará minhas velas, me conduzirá por mar azul. Acredito que o mundo precisará, em breve, de pessoas treinadas em lembrar aos outros a beleza que mora dentro do coração de cada um, em levar os olhos à beleza do que realmente importa, em relaxar e agradecer a sinceridade de um sorriso. Como o teu. É por isso que vou passar uns anos longe, treinando, meditando, trabalhando. Tentando ser melhor. Alimentando meu coração daquilo que ele, tão exigente, realmente quer comer. Aí, meu futuro não sei. É esse, hoje, o passo. Tenho que abrir mão de muito do que gosto por um tempo, tenho que ficar distante de certas coisas que queria que estivesse comigo. De certa maneira, Márcia, como você, elas estão. Beijos. A gente se fala por esses anos. E obrigado. Por você ser assim, única."

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Hoje também é dia de casório. Paula, uma das minhas melhores amigas, se une com Ben - em Londres. Não estou lá fisicamente - mas de coração. As minhas energias positivas estão acompanhando você neste dia tão especial, minha amiga.