domingo, junho 25, 2006

Goro Sam

Este era o seu nome quando chegou. Era pequeno. Lindo. Um ursinho todo branco. Logo de cara já deu trabalho. Dias no veterinário por causa de uma vacina mal dada. E por conta do trabalhão dado, virou Sarnão. Eu não queria este nome. E por isso o chamava de Nanão... Era um verdadeiro amigo. No início, nosso filho. Teve várias doenças - entre elas a cinomose - que foi curada com muito cuidado e atenção. Mas desta vez... como disse minha mãe: o Chiquinho o queria ali, ao seu lado. E lá se foi ele, para o céu dos cachorros... (será que existe um céu para cada espécie? Ou é como aqui, onde todo mundo entra e vive?) Eu prefiro pensar que ele está correndo ao lado da Sacha, sua namoradinha... ou namoradona - já que se tratava de Fila... Mas enfim, me pegou de surpresa. Perdê-lo, doeu. E muito. Ainda é estranho pensar que ele não está aqui em casa. Era um cachorro maravilhoso. Limpo, não latia, brincava bastante e nos adorava. Muitas vezes, quando o chamava, ele vinha correndo, meio que pulando... de felicidade!! Como se contentava com pouco. Um carinho na cabeça - atrás da orelha, e pronto. Já bastava.
Quando meu filho nasceu - queria ficar perto e muitas vezes, dormia debaixo do berço dele. Quando eu estava grávida, foi um grande companheiro. Chegou a dormir comigo - com medo dos fogos de artifício no mês de São João... e eu com medo de ficar sozinha. Fazia parte da minha vida - apesar de muitos dias eu nem dar bola para ele. A vida, o corre corre nos consome tanto... que a gente nem percebe que muitas coisas podem ser diferentes. E daí, quando perdemos. Nossa, o mundo desaba na cabeça. O coração fica tão pequenininho que dói demais. Ainda vou ficar com esta dor no peito por um tempo... e só ele - mais nada pode amenizar. Dor de não ter aproveitado mais. Dor de vê-lo sofrer. Dor de tê-lo perdido. Ele se foi... e com o Nanão, foi um pedaço do meu coração. Que vai estar mais duro daqui em diante. Mas só pelo medo de sofrer...

E por esta dor, que me lembro do filme "A Sociedade dos Poetas Mortos", que pregava o Carpe Diem. Carpe Diem quer dizer "colha o dia". Como se fosse um fruto maduro que amanhã está podre. Ter que ser saboreado, consumido aqui e agora. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.

Lembre-se disso a todo segundo.