quinta-feira, junho 05, 2008

Raízes

Eu estou fazendo uma verdadeira viagem ao meu passado e aos meus antepassados por conta do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil. Todo mundo tem suas raízes, quer aceite ou não. Eu, durante um tempo da minha vida, fugi disso. Em uma conversa com um entrevistado, japa como eu, falamos sobre isso. Sentados no chão, em meio as luminárias-esculturas que ele faz (por sinal, belíssimas!!), comentamos de como fugimos da cultura nipônica... seja por qual razão for. No meu caso, na adolescência, muitos "amigos" por maldadade ou sacanagem ficavam me chamando de "Neusa" ou dizendo que eu tinha "a coisa atravessada". E como todo adolescente, ainda sem personalidade forte, eu fugia de ser a japinha da turma. Mas enfim, conversando com ele, ele disse: "Não há como negar. É como tentar diluir a cor vermelha dentro de um copo d´água. Por mais que a gente queira diluir em outros copos, o vermelho sempre vai aparecer. E você se vê japa mesmo quando de repente dá vontade de comer tsukemon com gorran. Ninguém entende, só outro japonês." É isso mesmo. Nas entrevistas que fiz, por conta dos suplementos da imigração, me vi cara a cara com meu passado e coisas da infância. Lembrei das pipas que meu Ditan fazia para vender aos meninos da Vila Carrão. Do Butsudan, oratório em homenagem aos antepassados mortos, que tinha na casa da Fofinha. Das formas do origami. Das músicas e melodias japas. Do Teru Teru Bozo. O Japan Pop Show. Das histórias contadas. Das costuras da Fofinha, das freguesas japonesas originais dela. Foi uma viagem maravilhosa. Fico envergonhada, hoje, de um dia ter pensado em ser outra pessoa - que não eu, com meus olhos amendoados. Mas para merecer as raízes é preciso ter força, personalidade. E isso Só ganhei na maturidade. Hoje, apesar de ser uma japa meio fake, tenho orgulho da onde vim. Meu sobrenome também é OUTSUKA. E quero muito que meu filho (que já tem aula de japonês na escola), tenha contato com a cultura japonesa - de alguma forma. Que as gerações futuras não tenham que se sentir constrangidos com os olhos puxados e sim, tenham orgulho. Eu gostaria de ter feito diferente. Mas antes tarde, do que NUNCA. Sou japa sim, e daí? A minha beleza oriental e minha educação - só me trouxeram coisas boas na vida. Sou feliz assim.
Banzai!!! VIVA O JAPÃO!!!